A história oculta, vem a tona, desta vez num momento atual onde os conceitos sobre doenças mentais são bem diferentes. Constatamos que as práticas antigas e desumanas e um verdadeiro comércio lucrativo de corpos permeavam os manicômios brasileiros. Na verdade um pequeno holocausto, não menos aterrador, ocorreu durante décadas bem ao nosso lado, quase sempre com o apoio ou a complacência dos governos e da sociedade.
60.000 mil, é a estimativa dos mortos no Hospital de Colonia de Barbacena em Minas Gerais. Talvez insignificante se comparado com o holocausto nazista que exterminou cerca de 6 milhões de judeus ou no holocausto ucraniano que exterminou 4,5 milhões de pessoas, no entanto o que caracteriza o Hospital Colonia de Barbacena é a forma como as mortes ocorreram. Mortos por fome, doenças e até envenenamentos (pacientes terminais - eram mortos por envenenamento - na chamada sopa da meia-noite) os corpos eram vendidos a Hospitais Universitários e também eram dissolvidos em ácido para que seus ossos fossem vendidos para estudo ao preço de 50,00 cruzeiros. Todo esse processo era realizado no próprio pátio do Hospital e diante dos internados num verdadeiro show de circo de horrores com plateia e tudo. Cerca de 18.000 mil corpos tiveram esse fim e estima-se um total faturado acima de 600.000,00 mil reais, valores atuais.
O hospital que foi construído para tratar de deficientes mentais, recebia também, prostitutas, opositores políticos, mendigos, pessoas sem documentos, indesejados sociais, desafetos, negros, gays, crianças, adolescentes estupradas e engravidadas por seus patrões e toda sorte de pessoas comuns que podiam a qualquer momento ser enviadas para lá, bastando a simples ordem de pessoas influentes da sociedade, entre estas, delegados, prefeitos, vereadores, empresários, fazendeiros e até líderes religiosos. Estima-se que 70% não eram doentes ou tinham diagnóstico de alguma doença psiquiátrica. Na verdade, o Hospital foi durante muito tempo, um embuste para a elite da sociedade praticar a eugenia, processo de limpeza étnica através do extermínio sistemático de seres humanos. Daí a designação de Holocausto Brasileiro que graças aos requintes de crueldade, perversidade e desprezo pela vida humana, não diferem dos utilizados em outros holocaustos mundiais.
Os internados acordavam as 7:00 e eram enviados ao pátio, a maioria sem roupas e lá passavam o dia na ociosidade até as 19:00 quando então retornavam aos pavilhões para dormirem, numa rotina insalubre e desumana. Muitos dormiam no chão do pátio, outros defecavam, a maioria nada faziam.
Menino Silvio de 11 anos, vestido de mulher, fotografado na Colônia, coberto de moscas por todo o corpo. Hoje ele tem 43 anos e vive em Belo Horizonte. Cerca de 33 crianças viveram os mesmos horrores da Colônia. Fotografado por Napoleão Xavier, o fotógrafo achou que o menino estivesse morto.
Interno em sua solidão, literalmente despido de sua roupa e dignidade.
Internado bebendo água num esgoto aberto no pátio. Situação corriqueira durante o dia.
Sem colchões suficientes, os internos dormiam sobre capim seco.
Na Colônia, como era conhecido o Hospital de Barbacena, foram torturadas com choques elétricos, prisão em solitárias, espancamentos e finalmente mortas (inclusive por envenenamento) pelo menos 60 mil pessoas, das quais cerca de 70% não eram sequer diagnosticadas como doentes mentais.
Circo de horrores - Corpos humanos sendo desossados para o comércio macabro. Corpos vendidos inteiros para estudos nas Universidades ou vendidos desossados com ácido para a construção de esqueletos didáticos. Processo realizado diuturnamente no pátio do manicômio ao lado de urubus e internos.
A expressão "o trem de doido" fixada no imaginário do brasileiro. Vagões que faziam uma viagem sem volta, traziam de 50 ou mais pacientes e desafetos todos os dias para engrossar o contingente do Hospital Colônia. Qualquer semelhança com Auschwitz não é mera coincidência.
Alguns internos faziam pequenos serviços
Solidão obscura
Cerca de 33 crianças conviviam com as mais variadas doenças em meio a idosos
Na falta de colchões, palha seca era utilizada
Os internos iam para o pátio as 7:00 e só retornavam ao pavilhão ao anoitecer. A maioria não utilizavam roupas e no mais completo ócio.
Crianças conviviam com adultos homens e mulheres
Urubus a espreita como que esperando o momento certo para um banquete
Serventes limpando o pátio com restos de carne humana
Vídeo: "Em nome da razão"
Que desgraça, eu já tinha ouvido falar sobre esse manicômio, mas não imaginava que vendiam corpos e ossos como gado. Absurdo!!!!!
ResponderExcluirBom dia! Eu e meus colegas, alunos de museologia da ufmg, estamos selecionando acervo sobre saúde mental para uma exposição que faremos em maio, gostaria de saber como faço para conseguir autorização para uso de algumas destas imagens na confecção de baners. Obrigado! Daniel Xavier
ResponderExcluirBom dia,
ResponderExcluirProcure o Livro "Holocausto Brasileiro" Ele te fornecerá toda a matéria de forma ainda mais profunda. Também obterás imagens melhores que te dará muito mais qualidade nos banners. Apenas não esqueça de pedir autorização para os autores para esta finalidade.